só pra te balançar.../ just to rock you...

(~English below)

As raizes crescem aqui, parecem agora ancorar-se em mim

como se finalmente fôssemos uma e uma só, a mãe que 

de si despoja a carne, os ossos, o peito e o leite em prol

dos seus florais ou mais ou menos carnais filhos seus.

Vamos sendo uma e uma só agora, eu e as folhinhas novinhas

da Primavera a rebentar para ser Verão e o meu corpo que se

alça sobre si mesmo arqueando-se-me as costas à maneira de um anjo

contorcionista... cresce em mim um rio sagrado por onde antes

passeava perdida e aflita a minha menina...

Agora somos o rio que se levanta em ondas

amazónicas, a pororoca para sempre subindo o Tejo acima

onde provavelmente jamais te levarei a passear (jamais).

Mas ofereço-te o Tejo na minha boca, em cada nota que gorjeio

quase nua, de frente para o lago que me lembra o lugar

onde me costumava fincar.

Sinto-me sentimental nesta solidão acompanhada em

que a minha loucura se veste ainda requintadamente

como que para o baile do fim de ano.

Vou voltar ao início e repetir-te, estamos em processo 

de fusão, saberei lá eu o que de mim sobrará depois de tão 

requintada sobremesa oferecida com requintes de malvadez

pelo anjo da doçura, ele mesmo tão fantasiado de si que de si

não sabe nem sei se saberá algum dia.

Vai nascendo esse tronco em mim, grosso, como as veias

que me enfeitam as mãos, tão grossas que suspeito possa alçar

a minha rede ali

só pra te balançar...

~

The roots grow here, they anchor in me now

as if we were finally one and one, the mother who

strips herself of her flesh, bones, breast and milk in favor of

of her floral or more or less carnal children.

Let's be one and one now, me and the new leaves

of spring bursting into summer and my body that

holds over itself, my back arching like a contortionist angel

... I know that a sacred river grows now in me where once

there was but My girl lost and distressed...

Now we are the river that rises in Amazonian waves, 

the pororoca forever climbing up the Tagus 

where I will probably never take you for a walk (ever).

But I offer you the Tagus in my mouth, in every note I chirp

almost naked, facing the lake that reminds me of the places

where I used to play.

I feel sentimental in this solitude accompanied by

my madness, dressed exquisitely

as if for the end-of-the-year ball.

I'll go back to the beginning and repeat, 

we're in the process of fusion,  

and I will only know what will be left of me after 

being done with all this exquisite dessert

being offered to me with such ethereal refinements,

by the Angel of Sweetness, himself by himself hypnotised.

(He doesn't know and nor do I if he ever will.

Will this exquisite dessert be done with me?)

But for Now, This Trunk is Being Born in me, thick, like the veins

that adorn my hands, so thick that I suspect I can lift

the floor off the ground with one finger,

just to rock you...

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