Não tenho na ponta dos dedos a ordem do silêncio nem a composição dos dias
parte de mim, cansada e absurdamente grávida daquela criança que para sempre
chorava tão sozinha naquele berço tão pequeno naquele corredor tão tudo o que se
sabe da escuridão e da aflição, vai-se... esvai-se e
esboroa-se...
Como se o tempo fosse agora a própria Broa e o Cheiro da Pele o Mel onde me Lambuzo
e cresço como um fuso que de dentro para fora reluz
perfeito e inteiro e agora e pela vida afora, vá lá ela onde for
haja Camões, haja Camões, haja Camões!
Tenho medo de perder o Luís de Camões!
mas não sejas absurda menina, ele vive ele vive ele vive
ele viverá quando nem para sombra serei ou seremos nós
tão pequenos tão silentes
Mas ainda assim sou gente,
e ainda assim me creio mais Portuguesa
na alma do que na vida,
na vida há muito que perdi o prumo
há muito que estou à deriva.
Mas à deriva é onde quero estar e à deriva é onde me encontrareis, de ora em diante
buscando Camões afinal,
pois que até o seu corpo continua à deriva conjuntamente com o meu rio abaixo, rio acima
e todos os outros rios que vão de Babilónia a Sião...
e onde estão os Meus Homens, Esses que me Sopravam
o amor ao ouvido, onde estão?
À deriva, colados ao meu caixão.
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