ficamos presos para sempre nos braços largados
de quem nos afundou neste palco sórdido onde
se desenrola a vida perdida do Além,
tão longa que não há como lembrar
do princípio
que escoa inevitavelmente no dia-a-noite
dos nossos passos de eternos infantes
perdidos no carnaval.
Vejo teus olhos cansados correndo o relógio
para me ajudar
enquanto me levas pela mão ao quarto fechado
de Lya Luft
onde morta estou, sorrindo para os teus dedos
que longamente me acariciam os cabelos.
Mais que ninguém sabes que crescem
os cabelos
depois da morte, crescem. Os cabelos e as unhas.
Abres a porta. E a morte se silencia
para te ver chegar.
Já emudecida minha voz
restam teus dedos.
Deus te abençoe.
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