deixa-te disso menina.

engulo os comprimidos um atrás do outro e espero dormir
ou talvez não acordar ou esperar que amanhã o corpo seja outro
noutro lugar feito de ossos outros onde não se sinta a carne
e não nos doa a vida
se ao menos escrevesse e as mãos fossem de vidro
impávidas e já nem lembrassem que escrevi por ti
e apenas por ti
um dia
talvez amanhã seja outra agonia que se dissolva
em pó
ou na cama fedida
de um corpo que apodrece em vida.

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