Os teus dedos

 Deixa que o caminho se estenda entre lá e cá, deixa que se faça o caminho

que me leva de norte a sul e até ao fim do mundo

Deixa-Me para que não haja mais de mim senão tudo o que é leve e glória de amar

sem medo

do amanhã.

Não me deixes nunca que tenho medo de respirar cada vez que levantas os dedos 

das teclas do piano

e foste-te embora sem medo do amanhã e nem do desamor em que deixavas

o piano tão triste e empoeirado, sem entender para onde foram os dedos que

nele tocavam o ritmo do dia a que ia no dia a dia dos dias bons e dos dias maus

sempre o teu piano

e as minhas mãos empenhadas em copiar os teus dedos por empatia e que

agora a medo se atrevem buscando os teus

porque não os vejo nem cheiro nem tão pouco me aparecem em sonhos

os teus dedos

que me trouxeram a ti

tão certeiramente

que até hoje não sei porque não ficaram comigo

pelo menos

os teus dedos.

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