Pensamentos soltos da velha mãe de Luís Vaz de Camões

Recuso-me a crer que fiquei para trás

para ver meu filho perecer e meu corpo se alquebrar

Recuso-me a crer que fui eu quem a este mundo

deitei o filho que um dia eu haveria de enterrar

Recuso-me a crer que por minhas cartas

pequenas e mesquinhas saibam vocês dele

o tão pouco que se sabe

E ele era um anjo celerado um deus

alterado

a consciência pura do amor que para ele

inventei

ainda no meu ventre e por nascido.

Recuso-me a crer que por entre minhas

pernas se fez esse filho

que escreveu esse livro

mas que acima de tudo

me deu a glória de sabê-lo lido.

Não chores Luís, por amor te lêem

e por amor te descrêem e por amor ainda te inventam

e imaginam histórias tais que comigo ririas de tantas

as tuas Catarinas...

Lembra-me só uma coisinha, meu filho...

Qual foi mesmo o ano em que nasceste? 24 ou 25?...



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