não quero dormir porque não quero acordar
e não quero acordar porque não quero sentir
o escoar das palavras
pelo ar
e porque não quero sentir o fogo que me derrete
os miolos
em nada
não quero dormir porque estou cansada de
acordar com o mesmo nó no mesmo dó
repetindo o consagrado ritual
da perda
porque sempre perdemos tudo
porque sempre nos vamos sem nada
porque o nada é o todo que em nós vive
e de nós exala.
Sabendo de tudo isto,
ainda assim,
hei de deitar-me esta noite
e adormecer muito tarde
pensando em nada
pois só o nada se fará enfim, em mim
no dia em que não mais adormecerei.
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