Cantadas Madrugadas

 Cheguei ontem de um lugar onde as lágrimas são

cachoeiras pelas encostas das montanhas rochas

nuas decapitadas em longos angulosos e tão azulados

rastros 

que me perco naquelas lágrimas de virtudes

em urros de focas que se deliciam no mar


Deixo-me estar neste lugar de onde ontem vim

e de rosas ao redor dos meus escuros cabelos e de rosas

ao redor de meus gélidos pulsos

sussurro

vem comigo, vou levar-te ao jardim das folhas que me falam

em latim de longos bicos pássaros e flores que se confundem nos

costumes

e nas cores

e as pontas dos dedos suspensas 

na barca que enrola rio adentro

o meu mar quente sulfuroso e aguado de chuvas mais azuis que águas

mais ágatas que nuvens de jacintos!

Uma cabeleira meio verdejante que exala suspiros e correntes

e que perpassa esse mar que espelha o céu que é turquesa e rios

e ribeiros e mapas de água marinha, mas turquesas sobretudo turquesas 

congeladas nas veias que perpassam a pele de minhas transparentes mãos

que seguras.


Vem comigo, vou levar-te a esse jardim

nele, até as rochas mergulham em si

antes de jorrarem nos vulcões

das cantadas madrugadas. 

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