os vivos, os mortos e os que dizem me amar
feitos de tristezas tais que guerras não lhes
abate a alma
São tristezas escuras que em mim se refletem luz
até que as pontes caem e os céus se agoniam
de nevoeiros frios em portos onde nunca atraquei
e nem nada de mim se viu
São velhos fortes, meninos de pernas
arqueadas e homens que perderam o
tino, todos eles me amam muito e murchos
de doer as pétalas dos malmequer
para sempre me amam miando nas dobras dos lençóis
e nas suas pernas ausentes
por meus pequenos presentes, que agora
são versos de ignomínia.
Eles foram me dando tanta cinzenta agonia
tanta pedra pequena e tantos soluços em súplica
que já não canto nem gorjeio nem rouxinol
me vejo em nenhuma terra no porvir.
Essa terceira espécie de homens que
em pérolas no oceano me catam
também de minha carne acesa as cores
destratam e rejubilam,
tanto e com cuidados tão poucos
que esquecem que caída não tropeço
em estrada de felizes resquícios
mas inauguro-me eterna garimpeira do amor
Assim enterro mais um corpo,
morto-vivo, e brindo às virtudes da dor.
Eterna viúva me consagro
e a vós convido a meu dossel rasgado
carrossel de carne viva
mas desses homens
nem ardor nem amador.
Não mais.
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