nossos perfeitos perdidos pecados







de madrugada nunca, ou quase nunca, na noite esteira

lareira acobreada e azul, e entre os meus cabelos

as tuas mãos

e as minhas veias, redondamente vazando vagidos

transbordantes no teu peito corrente de cachoeiras

pretas rendas meias ceias cheias em que me sirvo

serva versa nas artes de ser teu querer


vagarosa pousa minha mão esquecida entre o ventre

que nem por tremer é tanto mais teu que meu

porque só por entre teus dedos e dentes 

línguas de se lambuzar

sopas de gata no cio 

sinceramente sempre segurando

miados ao teu passar, 

leve roçar da tua mão sobre o meu peito tenso terno teso no riso do teu olhar

da cadeira de balouço


te abro meus lugares de mel e cerejas minha boca

cheia que enfeita tua tora a cada hora que vaza

cuspindo-te de pássaros apartados na poesia exata

em que me ergues nas pontas dos pés e me eleges

tua

eternamente tua

sussurras nunca nunca aduncando teu queixo na

cova redonda e funda que adorna meus ombros

lombos de tonturas paridas aos roncos que de mim

cuidas de zurrar


noites que navego devagar sem querer nem respirar

até escutar tua voz só tua voz e nada mais que tua voz

na madrugada onde acordo de olhos fechados

para esquecer nossos perfeitos perdidos pecados 


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