Vais-te desaparecendo da nossa casa,
já mal te vejo nos corredores que se esgarçam
cansados pela longa pálida esquálida a noite.
A tua sombra redonda que nos enchia de riso
fez-se tão frincha que nem do luar
me vigia. E assim pousa a febre
da neve sobre o meigo leito e tu
tão pequeno e magro que se te procuro
não te encontro e pouco te acho.
Esquivo e sinuoso não és mais que
o queixume que me deglute em lugar comum.
Pergunto-te se ainda me vês
aninhado assim entre a ausência e o
meu mínimo coração
Aos Pulos
quando tropeça no teu acanhado corpo
que me era castelo perdição e sonho
Forte do meu lugar, ao arremedo do mar...
Hoje, nem brisas sopras, e nu,
quase menino quase menina,
grávido de magrezas e rancores
desadormeces em lugar algum.
E não te encontro nem à míngua,
a cada hora mais curto e fino,
fio de Ariadne emaranhado entre
abraços surrados de tanto pó e de cabelos,
tantos cabelos tão puídos e enrodilhados
na nossa tão enlutada cama,
que se engrandece de urna e de morte
de tanta a tua imensa ausência,
tão descomunal que nem a mim me encontro,
tresloucada e surda
a procurar por ti
em lugar nenhum.
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