não me queres do teu lado há dias
nem quieta e nem calada e nem
invisível
e vou-me porque não me queres do teu lado
nem sequer quieta e calada
invisível a não ser para quando não me desejes
e quando me vou odeias-me mais ainda
porque te obedeço e ainda o ódio te consome
e não podes odiar-me tanto quando te amo tanto
e por isso me odeias mais ainda
e sou puta de merda nojenta criatura
e quem me dera nunca ter te conhecido
quem me dera nunca ter sabido o que era
ser amado como um ser humano
que amado nunca foi porque nem dar
se dava
te deste como um Deus, lindo, no cimo do morro
de braços abertos que nunca se fecham
de olhos para o mar a quem por ti reza
e por ti se aceita monstruosa puta de merda
nojenta
criatura, por tanto te amar
quando me queres morta
para depois um dia enfim
fechadas as luzes nas garrafas vazias
chores convulsivamente
porque morta já estou,
sem teus olhos sem teu riso
sem o calor do teu corpo do meu lado morta estou
... mas acho que precisas de matar-me
para guardar a tua dor.
Conheço-te como quem nunca ninguém te viu
feliz com tanto mel, tão cheio de pianos, tão cheio de violas
tão cheiro de batuques e de mais pianos e tão cheio de músicas
e tão cheio de vozes e de beijos e de vinho quente e de queijo ralado e mais queijo
ralado e mais notas ecoando e mais palmas e mais palmas
e o cheiro doce da nossa cozinha quando sorris
porque o mundo se abre para ti
Te dei a certeza que nunca nunca só jamais te encontrarias
te dei a certeza que nunca nunca jamais te faltaria a certeza
que estou aqui para ti no tanto que me odeias porque tanto te amo
que matas tudo o que amas só para ter a certeza que orfão és
e desamado e detestado porque tudo são porcos ignorantes
lá
Te amo tanto que já não te amo só para te fazer feliz
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