Primeiro a minha tia Diana, que finalmente
é livre de caçar
Segundo o meu padrasto, finalmente
livre de voar
Terceiro eu,
para quem ainda se não abre a floresta
e nem o espaço se estende às minhas asas.
Aqui fico chorando com poucas lágrimas a
Sua eterna ausência
porque com lágrimas a mais talvez os afogue nelas.
Finalmente livres de respirar
não precisam do ar que corta o dia em mortes infindas
Finalmente livres de me acarinhar
não precisam dos meus poemas para me abraçar
E sentada na beira do sofá
com o coração quase a despencar
pernas abaixo
guardo delicadamente a doçura do sotaque português
da minha tia e
seguro o débil dedilhar dos dedos do meu padrasto
"eu não me esqueço de ti"
Esqueço-me das dores, dos porquinhos, e dos vidros quebrados
onde me não podia sentar;
fica só a primeira de todas as violetas
que me ofereceu
sempiterna na beirada da janela.
Deus os tenha e que eles me tenham a mim
tanto quanto.
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