é pela paz que eu não quero seguir admitindo (Maria Rita, obrigada)

é pela paz que eu não quero seguir admitindo

o silêncio da minha alma calada pelas paredes

sujas

pelos homens quietos

pelo vento que sopra contra a minha boca dura de tantos

silêncios chorada já

a tristeza é do tamanho do absurdo do ar que respiro 

enquanto imobilizada imóvel paralisada enfim pelo

grito raivoso do cachorro vizinho

não caem senão lágrimas de meu estouvado ser que no absurdo

e no não fazer sentido da lógica dos normais fosse então a

ilógica tristeza de se ver meu ser, 

desvanecendo-se no silêncio imposto ao meu querer chegar

só de leve

ao nosso lugar.

é pela paz que não quero seguir admitindo

o direito supremo de me arrastares pelo chão 

do Palácio de Versailles

pois que o meu silêncio é da cor mais escura do azul mais óleo

que conjurar não conjuras

e vendo bem, olhando no fundo dos olhos meus 

no reflexo de todos os espelhos,

sei-o

sei, sem delongas

o silêncio é meu

e isso, ninguém me tira.



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