com seus dedos de gigantes enterrados apontados para o céu (obrigada José Régio).

 vejo-te e sei que já escavaste a nossa sepultura

e que esperas apenas que nos deitemos nela como previsto

viúvos de nós choraremos no velório longo tão longo tão longo

porque não há como evitar que o tempo venha vestido de cobre ardendo em tons 

de uma dor nobre pelo infinito

vejo-me deitada em borboleta de uma flor amarela sem eira nem beira

nem jeito de alcançar esteira onde possa borboletear

a morte é sempre este velório eterno em que esperarei por

D. Inês

morta às mãos daqueles que seu destino cantam

só sobraram as sepulturas e os cedros com seus dedos de gigantes

enterrados

apontados para o céu.

Porque se morre tanto e tantas vezes nesta vida de luzes tão

baixinhas e risos tão sussurrados?

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