vejo-te e sei que já escavaste a nossa sepultura
e que esperas apenas que nos deitemos nela como previsto
viúvos de nós choraremos no velório longo tão longo tão longo
porque não há como evitar que o tempo venha vestido de cobre ardendo em tons
de uma dor nobre pelo infinito
vejo-me deitada em borboleta de uma flor amarela sem eira nem beira
nem jeito de alcançar esteira onde possa borboletear
a morte é sempre este velório eterno em que esperarei por
D. Inês
morta às mãos daqueles que seu destino cantam
só sobraram as sepulturas e os cedros com seus dedos de gigantes
enterrados
apontados para o céu.
Porque se morre tanto e tantas vezes nesta vida de luzes tão
baixinhas e risos tão sussurrados?
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