Para Luiz-Olyntho Telles da Silva, 1

... rememoremos com os remos da memória

enquanto se afundam lentamente as letras

e à vista nua não sobram mais que violetas;

as primeiras flores, compradas de coração

no chão.

Conheço o medo medonho de montar

nas costas do demo

os pés flutuando e o corpo que em ventos

submersos nas asas suas

sua

condensando em águas mil 

a vida da violeta veludosa e insensatamente

quente olorosa

unção balsamica afinal

encontrada após a predestinada montadura,

endemoninhado sonho

de onde mal se escapa com vida.


Submergem-se as palavras no rio

onde as lavadeiras batem a roupa

no canto que veste os homens

nus

sempre nus.

Bestas sem música que não seja a do grito de Isolda.


Gritamos juntas.

E sobre nosso surdo grito a quentura doce do veludo violeta

onde nos mergulhamos

por querer

Ondas roxas de violas odoradas recebem húmidas

nossos gritos surdos

nossos peitos mudos

e o mundo inteiro se aquieta

junto ao demo

que matematicamente seca o leito do rio.




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