e o que fazer com o excesso de pernas de mãos
de coisas que pulsam em mim? e se nada se fizer
com pernas abertas
ou fechadas pouco importa
faz-se ainda o sangue em mim
em borbotões e jarros
tanto sangue que de mim jorra
que já vejo vida enfim
vivo nos entrefolhos dos lençóis do meu corpo
aninhado nas suas curvas violantes
no meu corpo vivo nada apodrece
que não o tempo
quando assim me deito de lado no sofá
esperando que me chegues do céu
na visitação divina que fazias a Teresa
vem
faz-me tua até não ter como que alguém venha
para me puxar
do ar
onde me revoluteias em tais ondas de dor e gozo
que não sei de mais
de nada mais preciso que teu invisível sopro sobre
meus recessos húmidos túmidos lumes de tombos
tombos e tombos de livros de lombada dura
que se arrumavam lado a lado na estante
da sala de estar
onde as mãos passavam as folhas, uma a uma
livro após livro
onde me fazia este ser que agora enfim almeja às alturas
do amor divino
esta noite estou pronta para esse abraço infindo onde me sonho
liquefeita de veludo e vermelho fogo mas lento
para que dure
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