refaço-me como nunca me vi,
deparo-me no teu olhar alheio
como que desenhada a sulcos
de um pincel de cabra
já jogados os baldes de tinta
contra a parede cinza
e quase nua
em que delineada me tinha
plena construção de tantos
esboços retratos fotografias a preto e branco
que sendo que a mim não concebia
de mim não podiam nem intuíam
imputar tal esquisso
que agora
traçado a baldes de tinta por teu viés
é de cores tais
que meu próprio olhar se não tece
mas apenas a primazia de tua visão leonina
em que simplesmente era assim
tão ilustrada e viva em caneta de tinta-da-china
que quando despistada me vi
fogo vivo incarnado
no reflexo do teu olhar
mais não fiz que dessaber-me em espanto
desenhada outra na tela do ser
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