às vezes enche-se-me o peito de lágrimas
turvas
como se fosse de noite e eu perdida
nos caminhos de Santiago
e deito-me de mansinho sobre essa noite
em que esperei que o Santo
em meu leito rezasse
como se fosse a noite em que me banhava
qual sereia serena e singela só
nas águas onde Santiago anoitecia
e eu me espiava sem olhos
de acender a Santo.
seguro as lágrimas que não sei de que são
se de tristezas vividas em futuros estarrecedores
se de tristezas não tidas que não fosse a de si mesmas ser.
nessas vezes escuras e plácidas
aperta-se-me o nascer
e vagidos da luz
que não nos alumia escutam-se erráticos pela sala
finjo depois que de tudo me esqueço
que nada algum dia seria para ter sido
e finjo que sorrio com lágrimas naturais
pedindo-te perdão do alto da montanha
teu perdão concedido quase desde o primeiro dos dias.
finjo sem grandes fingimentos
pois que só a mim tenho que enganar
e tola que sou
a mim me deixo defraudar
com qualquer coisa.
e Santiago me bendiz
fujido do lugar onde esquecido
não havia promessas de ser algum sonho vivido.
bendiz-me lenta e belíssimamente
do lugar no peito que habito,
promessa de ser só ida.
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