a palavra do tambor

a fome da palavra do tambor alastra voraz
e arreiga-se desejos de só ser
                  e que o mundo
                       se quede em silêncio face
                                                            a tal tão poderosa fome
a palavra do tambor
palavreando
comigo mesma
nesta noite
tão sozinha
falava e
comigo se quedava
letra a letra de cada repique de mão
acento circunflexo no triângulo do falar



    e a minha voz surda
    elevando-se na perna mais alta
    enquanto o grito se derretia     
 na cabeça que rodopiava
 além
 do só ser





se a fome se matasse de morte matada
ou às pressas se suicidasse no cantinho da casa
que silêncio infindável seria?
e para quão longe me iria?
quão longe me alagaria eu de braços ao redor do falar do tambor?

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