teu corpo ondulando e as costas

teu corpo ondulando e as costas
                                          me-io
                                             curvadas
não sei se teus pés se arrastam mas sei que apertas
osdedosnossapatos pequenos
e que ao te sentares todas as almofadas caem
no chão seco
e que teu rosto branco de cal ganha contornos indescritíveis
entre o riso escancarado
e o foda-se
se te vejo hirta na roupa apertada
apertadademais           demaismaismais
e tua cabeça levantada
já sei que vem chegando o entre dentes insulto
e a raiva se translada no teu corpo feito já
               m  eio m  ulher m  eio ho me m
logologo chega a verborreiaimparáveleasmesmas
as mesmas
mesmas
mesmas
queixas.
Faço-me invólucro uterino
e enrosco-me de joelhos na boca calada
embrulhada sobre mim
para que ninguém
se arvore em minha mãe
)pois que sou mãe de mim mesma desde que de mim sei(

Mais dia menos dia reclamarás essa inteireza
Mais dia menos dia sairás altiva jogando a minha vida na sarjeta

suspeito tudo isto pelo teu caminhar
      o teu caminhar
onde não caibo nos teus sapatos
             ou pelo teu sentar
onde o meu amparo não é de te agradar.
recolho as almofadas
                            encolho -me na minha alvoroçada alma
         não vá o vento bater              de lado
e eu perder a única raiz que me sustenta
no vaso inclinado à porta de casa.



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