"Eu sou você que se vai no sumidouro do espelho", viva o Guinga!

espanto-me com o silêncio aguado e curto em
que me deixas
como se eu não existisse aqui nem no ar nem no mar
nem em lugar nenhum
deixas-me aqui neste silêncio de ti
e a minha voz cresce e ecoa e grita e invade os
lares dos malpercatados
que lá de longe se embevecem
com o som da minha voz
que sem ti
me ensurdece
ensurdo-me de ti
reflexivo
fazes de mim a matéria do teu silêncio
um grito mais lento e rouco, um murmúrio
de ondas quentes que se arremetem contra as
minhas pernas
e que assobiam, ao luar.
Faço-me do teu silêncio
o troar pelo lar dos malpercatados
embevecidos.
Culpa tua. Muito embora minha.
Muito embora tua.
Você sou eu que me vou
do outro lado do espelho.

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