A tristeza não nos abraça
quando nos faltam os braços
amantes amados
Ela vem de garras e debochada
a boca com que nos morde as manhãs
sussurrando todas as vozes varejeiras
do ódio
e o amor que escorre pelo
ralo
como os pelos da barba cortados sobre o lavatório
(tão branco que agarrei num pincel
e deixei tudo verde
de raiva)
Esta é a voz que te deixo pois que já
me transmuto na eternidade
silente e de lá não me ouvirás
e de cá tão pouco
pois que mula cresceu em teu lugar
e não vi.
Cega arranquei meus braços
para que abraçar pudesses e dei-te a última
golfada quando preparavas já as patas sujas
e me esfodaçavas em afetada pose.
Pois guarda os coices com que me presenteaste
e de que a tristeza gosta.
Já só lama seca no tapete
à tua porta,
folheias os livros e procuras por mim
achando-te a tristeza assim.
Limpa os pés. E corta os pulsos.
Teus filhos têm fome.
Esta é a voz que te deixo.
Suponho que já não servirá para nada.
Suponho mesmo que as crianças morrerão à míngua.
quando nos faltam os braços
amantes amados
Ela vem de garras e debochada
a boca com que nos morde as manhãs
sussurrando todas as vozes varejeiras
do ódio
e o amor que escorre pelo
ralo
como os pelos da barba cortados sobre o lavatório
(tão branco que agarrei num pincel
e deixei tudo verde
de raiva)
Esta é a voz que te deixo pois que já
me transmuto na eternidade
silente e de lá não me ouvirás
e de cá tão pouco
pois que mula cresceu em teu lugar
e não vi.
Cega arranquei meus braços
para que abraçar pudesses e dei-te a última
golfada quando preparavas já as patas sujas
e me esfodaçavas em afetada pose.
Pois guarda os coices com que me presenteaste
e de que a tristeza gosta.
Já só lama seca no tapete
à tua porta,
folheias os livros e procuras por mim
achando-te a tristeza assim.
Limpa os pés. E corta os pulsos.
Teus filhos têm fome.
Esta é a voz que te deixo.
Suponho que já não servirá para nada.
Suponho mesmo que as crianças morrerão à míngua.
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