o tempo da maldade

o tempo da maldade é hoje
quando planejas metodicamente
como me dar um tiro na cabeça
não daqueles que nos furam os miolos e nos matam
à primeira
não
hoje é o tempo da maldade porque planejas tudo
sorrindo empurrando-me contra os arpões que
dependuras na porta da saída
e me acaricias amando-me em tal
felicidade que seria impossível adivinhar
que desenhas o arco por onde a bala
apenas me deixará sangrando

não fosse eu
assolada por quenturas infernais
que me deixam gelada e louca
em frente ao espelho
enquanto finges que não sabes que sabes que eu sei
ninguém saberia
assim, resta-me a mentira
e minto-me porque Deus haveria de me querer feliz
depois de tanta tanta pancada
tanto sangue escorrendo-me pela boca
Deus haveria de me querer feliz
e por isso e só por isso
estou disposta a deixar-te matar-me assim
até porque daqui até lá
pode ser que morras primeiro
com sangue a escorrer-te pela boca
sorrindo

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