tenho saudade

tenho saudade
do amor que era espírito corpo e precipício
onde caia de mansinho em cravos
bocas-de-leão camélias e hortênsias coloridas
mal me tocavas tão de mansinho
mas tua pele meio fedida o bater do teu coração
que escutava quando não dormia
me adivinhava a farsa do dia
de noitinha vieste depois tu
bruta a cama para onde me arrementias
e vossas vozes tão previsivelmente iguais
e vossas mãos tão iniquamente pedras
nos bolsos de meu corpo nu
submergindo no azul mais branco
onde escapando interminavel mente
alcançava gelada chegava
e por debaixo do iceberg
te encontrava
e o gelo de meu corpo desnudo afogueado
se derretia.
Minto.
E já não me sinto tão sozinha.


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