a raiva vai chegando de manhãzinha

a raiva vai chegando de manhãzinha
o silêncio absurdo que não
é mudo espezinhando o mel
que se derrama na cozinha
o frio vem vestido de saliva,
pronta para ser cuspida
na minha cara banzada
face à indiferença
inflada de presunção felina
e se toco nos cotos dos dedos
que não se enrodilham
nos meus
a alucinação fantástica do
direito mascúlo irrompe
na mesquinharia com que se aninha
em putas sujas mais
fedidas que apodrecidas úlceras
a raiva me assola assim de manhãzinha
e não fora
a criação pronta para a porrada vesga
estaria longe e linda frente à estação de trem
que daqui me levaria até chegar ao ponto
de ônibus onde muitas mais que uma formiga
destruiria o pasto da agonia humana
plantada nos supermercados nos escritórios
nas escolas nas oficinas
e na tua estupidez.
Mas criada para ser saco de porrada
fico, vítrea e paralisada
sobre os bordados lençóis
empastados de tanta grosseria.





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