murros

do nada a gaguez do murro baixo
sobre meu ventre
e a dúvida meio vermelha
que ponteia minutos em colcheias
de nós calada
o ritmo certo da falta de ar
que deixamos enchesse a sala
também não sucumbe
em meio ao combate
assim
respira apenas minha sombra
cortada ao revés em meio à estrada
e continua
sem laivos de algum dia
se acabar
o som oco dos murros
sobre meu baixo ventre
que de noite se fazem fugas
falhadas em sonhos
onde todas as minhas crianças
morrem
por tropeço ou morte calculada.

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