a menina do olho

Delicadamente colocaste meus olhos
no teu rosto
e agora, arrepiada até ao néctar
observo que vês
o que vulto nenhum viu
e
atento na pele que afina
e brilha estilhaçada de um cometa
em ascenção        e 
reparo na colmeia de onde colhes
mais que mel a brandura de minha voz
fidalguia de arroubos entrelaçados ao redor
da menina do olho
que me deixaste roubar
por meio minuto
um pouco mais
              e deixo que a tela
corra em desvario
    só para ver teus dedos que capinam
ervas p'ra colher cheiro de alecrim
verde e tenro por debaixo da pele
onde te adentras visionário de uma mulher
caída do altar
sobre fogos de assombrar.
Meus olhos espantados de tanto resplendor
inocente alucinado
riem revolvem revolteiam
em ondas que às vezes sulcas
com tua boca tão aberta que me mareio por um dia
inteiro.
Por isso, se por mais nada,
te daria qualquer gosto e
    dele faria frêmitos em êxtase
para que da nebulosa de mim
visses
o que agora vejo
graça garça rara rumorejando loucuras
que ninguém senão tu p'ra me adivinhar.







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