quisera a surdez

tão somente eu não visse nada
mas há coisas que vejo e outras que não
e ao ribombar incessante dos trovões
noturnos que me ofertaste não tenho como me furtar
(à falta de melhor sei que o dinheiro não abunda
mas não teria sido bonito amar-me como se fosse o fim do mundo
virar-me de ponta à cabeça deixar o Kama Sutra na vergonha?)

no final, não tive tempo de te pedir nada,
fiquei com o presentinho, o troar das tuas paredes
no silêncio em que inventaram a manhã.
meio vulgar tudo, e eu também sumamente medíocre.

porém, pensei, fizeste bem. Já que não me oferecias o melhor
que tinhas o melhor mesmo seria ofertar o mísero
à rapariga mais feia da cidade.
neste ponto creio que chegaste à excelência.
Quisera eu não ouvir nada. mas ribombam as paredes
            dentro
de
                        mim.


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