Para Bernardo Sassetti e Carlos Alberto

Porque o mar é cheio e louco
Como os braços de piano
Com que me abraças
Na hora exata do flash
Porque o mar são teus braços
Se erguendo acima do penedo
E mergulhando fundo
Na espuma irada
Que por ti me beija enfim
Porque o momento do espanto
Era teu corpo boiando
Num bolero de Ravel
E meus olhos exangues
De tantas lágrimas a preto e branco
Plenas de piano e teclas
Teclas teclas teclas tendendo à perfeição
Da morte
Fácil
Porque difícil mesmo é nascer
Do fundo do mar
E renascer na música de tuas palavras
Atentas
Intent
Tento
Nadando em direção a ti
Que te espantas com o marulhar do tempo
Em que repouso
Exata
Como se assim fora sempre
Viva e plena em tuas mãos dextras
Teus dedos longos
Teu rosto salgado deixado ao Deus dará
E tua música
Sempre
Como um compasso
Quaternário
Porque três dimensões
São coisas de gente
E tu fizeste-te imenso Poseidon
Manso
Piano
Presente
Sempre

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