quando morrer, morrerei curada

quando morrer, morrerei curada
sem dores nem cegueiras nem
água na boca
verei todas as letras à medida
que a minha voz se aninhe
por entre os anjos e as trompetas
não esquecerei as letras jamais
e sem esforço cantarei para ti
perfeitamente
todas as notas
tal qual queres
Nessa altura, meu amor
podes abrir as janelas
todas as janelas
não terei frio
jamais
nem tu sentirás o terror
da minha presença
aprisionando-te o ar quente
pelo quarto mole
Morrerei curada
e tu terás para a eternidade
as janelas abertas
de par em par

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