cestos de framboesas

Não posso contemplar o teu amor
porque dele fazes um cesto
onde colectas
prezadas framboesas.
Pois a ti devo dizer
que cestos são coisas
e framboesas loisas
enquanto o amor
é manso repouso
que se envolto em neve
arde insano
cobrando-te altas noites de vigília
onde apenas dormitas
esperando que se te não acorde
flama ardor nem mina
cerne do recomeço da vida.
A ti devo dizer que não te aflijas
nem com a traição
nem com os decretos de eterno
sofrimento
porque o amor
quando cresce
como as tuas framboesas
é a cada Inverno
cobertor e chama
lençol e penas
erros e malfadadas fortunas
mas Haja amantes
de amado amor alentados
do pranto santo caminho
se enlaça
e de cada erro
sublime o amar se traça.
Assim é o amor.
De que fazes um cesto.
Diz-me, pois
com tantas framboesas
crês que caberemos?

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