pouco importa

te olhando tremendo te vejo silente
para além do momento
em que entras te sentas e me assentas
arraiais em mim dono de tudo
o que não te dou
pois nem eu sou senhora
do que de mim subtrais
no chicote do rigor
ou da mentira que deposito em tuas mãos
já lambidas já sugadas já comidas
por mim tão esfaimada da vida
que pouco importa a conta
das chicotadas prometidas

te olhando te digo tremendo
minhas pernas escorrendo
leite e todos os pássaros
que em mim voam cachoeira que sou
de ninhos recônditos
pouco importa a conta meu Senhor
porque agora a hora foi morta
e de lá dos confins do mundo
não mais Sua Senhoria suporta
a minha falta gloriosa



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