segues reto pelos recôncavos e baías

segues reto pelos recôncavos e baías
que permeiam meu longo vestido onde teus dedos
levam meus joelhos
tremendo ao genuflexório
de todas as trezentas e sessenta e cinco
igrejas da cidade
por onde pairam
todos os anjos destrambelhados
entre teclas e cordas
que não há
quem reja.
sigo subindo ladeiras e escarpas
mirando do alto
o mar onde abraçamos esse rio tão frio
de canoas a flutuar e
árvores de redondos frutos
que teimam em escorregar
e esparramar-se leitando-se
mornos por nossas bocas
encaixadas em nossos
sonhos
de corda
que sem medo
transitam soltas entre o meu vestido
e os teus dedos de seda encaixados
na perfeição dos
nossos nós.
não resta mais que
apontar-te o céu onde te elevas
no enlevo do vestido
enquanto
tocam anjos e se afinam santos
pois por entre o vestido a seda e os nós
o que se espanta são os dós de peito
que trepam pelas bocas
nossas
sem medo lambendo o tempo

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