que dó!

lentamente sinto o meu amor a cair de cansaço
da prateleira onde o livro que te comprei
se enche do meu pó e das vozes
que povoam os livros
quando não te encontro em mim
fito-me sem máscara nem sono
e pergunto-me quem serei
agora que não tenho mais quem
me leia
antes de não dormir
como sempre não dormia
embora às vezes me aninhasse
no teu colo
e o mundo se fazia tão mudo
que até o livro sorria
e desfolhava a madrugada
e eu só queria
que ao menos o teu cheiro
não fosse mentira.

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