de ti para mim

e dizer tudo sem que isso seja sequer
um terço
do rosário de tudo
o que não te digo
porque sou mulher de palavra
e jamais
direi
nada
mas as palavras desamadas colam-se ao meu corpo morno
e caem no chão tão desamparadas
que tenho que levantá-las erguê-las
amá-las
e entranhadas em mim vou escrevendo
sabendo que um dia nem o meu poema
nem esta miséria deste silêncio
ensurdecedor em que não dizemos nada
mudará a Ordem das coisas imutáveis.
a Outra
essa
manter-se-á impávida
lívida
quase paralisada.
como eu.
quando finjo que digo
só para fingir que existo
de ti para mim






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