penso que morreste

penso que morreste e que se calaram
as vozes porque não há de onde se ouvir
espectro fantasma assombração
vejo-te caído pelo chão já noite escura
soçobrados braços de quem te socorra
agora que a mim empurraste vida afora
para os braços de outro qualquer
fula furiosa enfurecida
fica-se-me o grito mudo
atravessado na garganta e decido
que quero comunicar-me com Deus
perguntar-lhe se é verdade, se morreste
e que assim sendo solicito
formulário preencho, cumpro todos
os requisitos
e que me faça a delicadeza
de me transferir a chamada às profundezas:
filho duma puta como pudeste tu
deixar-me
aqui?

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