o inferno refeito leito

o inferno refeito leito onde nem descansas
nem deixas que se pouse teu raro preito
que balança e ousa fazer-se
cadeira manca comida turva facas a eito
por entre os lençóis e teus seios
e eu abrindo o chão por entre
terras pratos e podres vestes
sabendo que não sou voz celeste
sabendo que não trago preste
nada mais que a ilusão dos dias que virão
em que nem limpezas nem podridão
te façam carne branda esperança de salvação
pois apenas às cinzas que se alumiam
de plásticas flores e solenes dores
ofereces sincera tua plena devoção
Enquanto isso limpo teu leito
refeito inferno de minha velha gratidão

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