o amor primordial

amar a carne da minha carne
beijar a minha boca na tua boca
beber-te a saliva como quem
simplesmente engole
o que desde sempre era
nosso
tocar-te as mãos como quem
dedos ancestrais anela
remexendo a areia
rindo e gelada a água
em que fervemos o sangue
do mesmo lugar nascido
atávico o ponto onde
te reconheço lindo
E assim sei que sugar-te seria
remédio divino destinado
a trazer ao mesmo lugar
o relógio de cuco e
nosso
primevo folguedo de meninos

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