lembra-te que é melhor amar-me assim

lembra-te que o meu corpo é feito de nós
e presilhas
que o meu leito são areias grossas
onde ralo horas de horrores lentos
lembra-te também das lautas lágrimas
de tantas dores que se acumulam cachoeira
adentro
lembra-te que não posso nem
beijar-te
senão me hastear em banquinhos
e escadotes
que por entrelaçados degraus
me alçam dos abismos dos dias
e noites sem fim
em que só a dor se lembra de mim
lembra-te que é melhor amar-me assim
sem corpo sou fiapos de renda
onde dormes entrançado em mim

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