sim é para ti que escrevo

sim é para ti que escrevo
como me perguntavas às vezes
procurando o pus nos meus olhos furados
te escrevo enquanto a casca da ferida mole
alastra lepra infecta pela minha pele
que mal se acha já entre a carne apodrecida
que antes ronronavas entre dedos e beijos
fedentos de quem se mentia do amor
que me tinha
Mas já o sabia
e como te dizia
não temos o que escolher
a vida é assim: um monte de carne
outrora linda esperando apenas a morte chegar
enquanto apodrece ao sol
ainda viva

Comments