o silêncio da tua ausência

encho o silêncio da morte com o borralho
que espalho sobre mim
que sendo feita de areia e sal pouco mais ganho
que um suspiro às vezes espirro  
mas que afogada nas cinzas amadas
me transfiguro em morta ressuscitada
pronta para de novo amar e ser amada                
mas o silêncio da tua ausência no meio da estrada
esse
ressoa mais alto do que a morte atropelada
e mais rápida que à força de um tiro
desvaneço-me esmaeço e rareio-me
em grão de areia grão de sal
sem que saudade me revolva e reviva
pois que nessa morte matada para que quero eu
escutar o uivo do vento que açoita o salgado deserto    
da minha alma?
porque hei-de eu ser gente se tu nem me dizes
bom dia na morte da tua ausência
chorada no meio da estrada?



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