carne fresca

te esconde por debaixo da minha pele menino, falei
grosso, curto, entre logo de uma vez
e lhe dei a faca afiada
a que a gente usa para cortar cobra amarrada
e menino mandado me cortou de alto a baixo
e enquanto o sangue escorria
quente e linhoso
se acercou
menino feito peso dourado e
afundou certeiro e liso
por entre meu desfiladeiro de entranhas
carne aberta macia e cheirosa sangrenta
e fresca em golfadas
despudoradas de ganidos sentidos
e ainda ligeira lhe roubei a faca
e cortei mais fundo
minha pele se esparramando no chão
e seu couro limpo se encobrindo
nossa estranha gestação

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