pântanos

vivemos nos interstícios, nos meandros do tempo
onde não soa a palavra nem vive a voz
do rosto
são
que aperto entre as minhas pernas quando mergulhas
cem horas de qualquer coisa que não se chama pão
porque isso é coisa de gente invenção de quem não sonha
os rios lamacentos onde jazem vivas
as marés de Outubro e Dezembro
Nós
vivemos por lá
onde senão fala outro linguajar
que não os roucos moucos loucos urros com que
traçamos
com a ponta da língua
o alfabeto
nesse mesmo pantanal

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