meu Brasil

Não é que a América não me doa, medóisim
mas o Brasil me magoa, me fere de morte
me atinge no fundo do peito e ainda reverbera
berra, grita, atira direto do gatilho contra
contra contra como me estilhaça a alma
e a esperança e a certeza de que haveria céu
em algum lugar
o meu Brasil que não vem de Caminha, nem de Cabral
nem de Freyre e de menos ainda, mais ainda
meu Brasil se fazia de amor de pindorama
de pau e de pedra e de sonhar o meu lugar
um dia
em meio a Elis que me deixou chorando
e Adriana que me ensinou a cantar
vi D. Moema partir e o comandante voar
e eu
menina de mais para saber falar
cantava baixinho o que nem poderia explicar
Meu Brasil
meu Brasil de Robson que é para sempre
de Sayonara que é para ficar
de Daniel para respirar
de Rosemeire que é meio eu, meio outra
de Rosiana que é de Belém onde me tem
de suas irmãs serenas, sua mãe amada e
meu Padre do rio Mojú
onde nem pude nadar
meu Brasil
do meu amor que sempre foi de dar
eu que já não tenho pátria e cuja mátria
arrancaram do lugar
deixo aqui meu peito exposto
meu mamilo sangrando
meu coração sussurrando
meu Brasil meu Brasil meu Brasil
brasileiro
se ao menos pudesse te aninhar em meu seio...
vem Jorge, vamos tocar
nosso Brasil ainda vai chegar


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