Gorda

gorda de beijos esparramei-me sobre as flores
e perguntei-te
dos filhos
e dos dias
em que não me amavas e eu chupada
e magra aflita e preta
de tantas noites e desvãos.
Deitei-me inteira sobre o verde
do chão
e calei-me de beijos na boca cheia
vermelhas as maçãs do rosto.
Em que moldura me emolduraste assim
tão luzidiamente negra tão profusamente rotunda
apenas e exclusivamente cheia
por intermédio e fim desses beijos tantos
com que me desenhas?
Perguntei-te.
E na tua resposta nua abri meus lábios núbios
para que outra vez e outra
me engordasses de ti.

Comments