à porrada

enquanto a dor me puxava pelos cabelos e as minhas pernas corriam
para bem longe bem longe bem longe
de mim
arrepelei-me do que restava, enterrei as unhas nos recessos
dos pelos das bocas e dos ouvidos
das bocas
das bocas
da boca
e arranquei-me do fim
atropelada no ato.
O que será O que será O que será de mim sem
saber
onde
me
meti?
que será de mim? e no silêncio putrefato esbofeteio-me
sem dó.
Não preciso de música para me acabar à porrada.

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