a praia

Primeiro, devagarinho e como quem não quer nada
cortei-me os braços.
Devagarinho cortava e a minha mão
corria
como se a faca não fosse minha
e nem o braço me gritasse
para que parasse a agonia.
Meti depois a faca entre os dentes
e o outro braço assim se perdia.
Sem dó nem piedade
e nem corpo que não fosse a ausência
do que me restaria
entre o espanto a dor e os
dois
braços
no
chão
como se foram o dia,
dobrei-me sobre mim,
E já sem pejo,
rápida e certeira cortei-me as pernas
e atirei-me pela praia vazia.

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