perdoa

cansei-me de nāo ser poeta, o riso nāo se coaduna com
o cantar alquebrado dos meus ossos
lira renda e espanto de assobiar
quero deitar-me e continuar sem quase respirar
deixar-me quieta num cantinho de mar
onde nem as ondas venham rastejar
quero ficar-me areia nos entresticios
das rochas filme de soprar
ser quase tudo e ser o nada sem falar
perdoem-me os que me queriam de carne
de agarrar comer mastigar e penetrar
a minha carne é inútil
frente ao estar
por isso
me quedo agora
dentro da lágrima aguada onde desenho o poema
que me levará por onde o tempo
nāo roa o meu cantar.

Comments