a honra

negra como as teclas em que martelaste a
minha ideia apodrecida relego-me à funçāo de
puta adiada porque as putas certas
estāo sempre lá
como eu aqui
desprezando-te baixinho como quem cospe
por entre as dobras do guardanapo
por entre as lágrimas que
choro vísceras figado e vesícula
biliar
pingo-te
gota a gota por entre as folhas de papel
empapadas em sucos mal coados
dejeto a dejeto escoo-te
displicentemente por entre os dedos
sujos a mesa enodoada
as cartas espurcas e
quanto ao tempo
nem por perdido se deu
pois que nāo houve nunca e nem tāo pouco
se sonha que haja um dia
seja lá quando for
tāo somente dos meus olhos
já só escorram lágrimas exangues
e tu ainda te revires por entre os lençóis
imaculados da tua honra de merda.


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